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Lázaro Ramos celebra repercussão do especial ‘Falas Negras’ e desabafa: ”Este grito está preso há muito tempo”

No Conversa com Bial, o ator desabafou sobre o racismo no Brasil

Lázaro Ramos em entrevista no ‘Conversa com Bial’ – Reprodução/Globo

O ator Lázaro Ramos foi o grande convidado do programa ‘Conversa com Bial’ da última terça-feira, 15/12, e usou o espaço para falar de seu último trabalho na TV Globo, ‘Falas Negras’, e sobre o racismo que ainda é perpetuado no país.

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O diretor do especial, que foi exibido no dia 20/11, Dia da Consciência Negra, e que reuniu textos históricos sobre grandes personalidades negras, comentou a repercussão gerada pela atuação da atriz Tatiana Tibúrcio, que interpretou a empregada doméstica Mirtes Renata Santana de Souza, mãe do menino Miguel Otávio Santana da Silva, de cinco anos, e que morreu após cair de um prédio no Recife, Pernambuco. “Esta história é um dos grandes símbolos do descaso diário que a gente passa, como se fosse algo natural. A gente está tornando isso algo comum na nossa sensibilidade, é muito ruim. É isso que me emociona”, começou ele. 

O marido de Taís Araujo conta que a história foi muito sensível e que não foi fácil contá-la nas telinhas. “Essa história, junto com o trabalho belíssimo da Tatiana Tibúrcio, que também é preparadora de elenco deste projeto, uma querida parceira que trabalha comigo há muitos anos como atriz, diretora, assistente de direção, ela tem um impacto que a gente precisa ter. E assim, pelo Miguel, mas não é por que eu fui filho de empregada doméstica, não. É por que o Miguel é nosso filho também e assim que a gente tem que ver. A gente ainda fala, não me grite assim, não me fale como se eu fosse sua empregada, como se a gente tivesse direito de gritar ou destratar uma empregada”, afirmou Lázaro.

Em seguida, o artista lamentou que essa visão preconceituosa ainda está presente na sociedade até hoje. “Bial, eu sei que tem gente que vai dizer que é mimimi, tem gente que vai falar lá vem ele de novo, mas isso é fruto do processo de escravização que a gente viveu neste país”, desabafou.

Para ele, as pessoas terão que enfrentar o incomodo de debater sobre temas raciais e de gênero para avançar e casos de violência contra negros e mulheres acabem. “Desculpa, mas não tem como não se incomodar. A maioria nos presídios, nos manicômios, nas favelas tem a minha pele. E a gente naturaliza isso. A gente paga menos às mulheres, mesmo exercendo a mesma função, como é que gente não fala e não grita sobre isso? Como é que a gente não vai pegar treta na internet? Esse grito está preso há muito tempo. E olha que eu tenho uma vida muito melhor do que um dia sonhei, mas eu olho para o lado e vejo meus colegas, meus amigos, eu vejo desconhecidos, e não consigo perder esse olhar”, completou.
 

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