Homenagem aos 70 anos da telenovela no Brasil

Walter Foster e Vida Alves na primeira de todas: Sua Vida Me Pertence – Reprodução

Dia 21 de dezembro de 1951. Foi nesta data que foi ao ar a primeira telenovela brasileira, Sua Vida Me Pertence (TV Tupi), de Walter Foster, que também a estrelou junto com Vida Alves. Ao vivo, exibida duas vezes na semana e com capítulos com 15 minutos cada, a atração chegou timidamente. Mas cresceu aos poucos. Em 1963, a Excelsior colocou no ar a primeira diária, 2-5499 Ocupado, com o casal formado pelos icônicos Tarcísio Meira e Glória Menezes. E, dois anos depois, a então recém-fundada TV Globo fez sua estreia no gênero com Ilusões Perdidas. Em pouco tempo, a emissora carioca se tornou a principal produtora de novelas do país e, agora, com razão, vai comemorar os 70 anos de seu principal produto e, com certeza, uma das maiores paixões dos brasileiros. Nós não poderíamos ficar de fora dessa festa e a partir de agora você vai relembrar tramas, cenas e personagens que marcaram época, entre várias curiosidades.

INGREDIENTES QUE NÃO PODEM FALTAR

O especial será dividido por temas que caracterizam o gênero: histórias de amor, heroínas, matriarcas e vilões. Para falar de romance na ficção, o 70 Anos Esta Noite promove o reencontro dos atores que viveram casais emblemáticos na ficção. Na lista, estão Betty Faria e Francisco Cuoco (Lucinha e Carlão de Pecado Capital, de 1975), Juliana Paes e Rodrigo Lombardi (Maya e Raj, de Caminho das Índias, e Bibi e Caio, de A Força do Querer) e Mateus Solano e Thiago Fragoso (Félix e Neco de Amor à Vida). Giovanna Antonelli, Nívea Maria, Taís Araújo e Camila Pitanga entram em cena para relembrarem as heroínas que viveram durante a carreira. No bloco sobre vilania, é a vez Adriana Esteves (Carminha, de Avenida Brasil, Laureta, de Segundo Sol, e Telma, de Amor de Mãe), Christiane Torloni (Tereza Cristina, de Fina Estampa), Gloria Pires (Maria de Fátima, de Vale Tudo, e Ruth, de Mulheres de Areia), Patrícia Pillar (Flora, de A Favorita), Claudia Raia (Lívia, de Salve Jorge) e Renata Sorrah (Nazaré, de Senhora do Destino), que relembram algumas das cenas memoráveis na pele das terríveis personagens. Já Lilia Cabral e Fernanda Vasconcellos (Páginas da Vida), Susana Vieira e Carolina Dieckmann (Senhora do Destino) e Regina Casé e Chay Suede (Amor de Mãe) entram em cena representando as matriarcas da teledramaturgia e seus filhos.

NOITE ESPECIAL
É hora de celebrar: 70 Anos Esta Noite, especial da Globo. Nele, quem conta a história é a própria aniversariante, a telenovela, personificada na voz da atriz Jéssica Ellen. “A nossa proposta é que o público faça um grande passeio afetivo. Esse resgate das novelas costuma proporcionar também um olhar para a nossa própria vida, porque nos remete imediatamente à infância, aos amigos, à vida familiar daquela determinada época. A maioria de nós cresceu assistindo às novelas”, comenta Henrique Sauer, diretor da atração. Obviamente, isso não seria possível sem a presença das estrelas que, nas últimas sete décadas, entraram diariamente em nossas casas. E pelo programa, passarão nomes como Lima Duarte, Tony Ramos, Taís Araújo e Gloria Pires. “Eu tenho 50 anos de TV Globo, então, é uma parte muito grande e importante da minha vida”, conta Gloria. “Vamos fazer um mix de imagens de arquivos e encontros de atores e atrizes, que geraram conversas sobre o que faz a novela tão popular e longeva até os dias
de hoje”, adianta Sauer.

HOMENAGEADOS

Tony Ramos e Antonio Fagundes vão receber uma homenagem especial. Juntos, eles relembram os momentos marcantes de suas carreiras na TV, onde viveram tipos variados, e sempre com sucesso. O programa ainda terá duas participações luxuosas: Fernanda Montenegro e, claro, Lima Duarte, que tem mais tempo de televisão do que a própria novela. Aliás, este esteve no elenco da primeira delas, Sua Vida Me Pertence. Com roteiro de Bia Braune e Celso Taddei e supervisão de texto de George Moura, 70 Anos Esta Noite vai ao ar na terça 21/12, depois de Um Lugar ao Sol, e ganha reprise no dia seguinte, no canal Viva, às 18h30.

PARA OS NOVELEIROS DE PLANTÃO…
Além do 70 Anos Esta Noite, outras atrações marcarão a data nas diversas plataformas do grupo Globo. Anote:
• Na terça 21/12, às 21h, o Canal Viva exibe As Novelas Que Amamos, em que revela o Top 10 da lista das tramas que exibiu ao longo dos mais de 11 anos da sua fundação.

• No mesmo dia, a apresentadora Tati Machado vai revelar curiosidades sobre as novelas ao longo da programação do GShow,

• Até o final do mês, estreia na Globoplay o documentário Gilberto Braga – Meu Nome é Novela, que revisita a obra do autor de Escrava Isaura (1976), Dancin’ Days (1978), Água Viva (1980) e Vale Tudo (1988).

• Em Novelas da Minha Vida (GShow), artistas e influenciadores contam quais tramas os impactaram para sempre.

• Podcast Novela das 9 lança uma série especial de cinco episódios em homenagem à data redonda, publicados sempre às terças-feiras, até o dia 28 de dezembro.

PERSONAGENS INESQUECÍVEIS… no AMOR
Leonor & Rolando (Yoná Magalhães e Carlos Alberto), de A Ponte dos Suspiros (1969)

João & Lara (Tarcísio Meira e Glória Menezes), de Irmãos Coragem
(Globo, 1970).

Simone & Cristiano (Regina Duarte e Francisco Cuoco), de Selva de Pedra (Globo, 1972).

Gabriela & Nacib (Sonia Braga e Armando Bógus), de Grabriela
(Globo, 1975).

Lurdinha & Marcos (Malu Mader e Felipe Camargo), de Anos Dourados (Globo, 1986)

Viúva Porcina & Sinhozinho Malta (Regina Duarte e Lima Duarte), de Roque Santeiro (1985)

Carina & André (Elizabeth Savalla e Tony Ramos), de Pai Herói
(Globo, 1979).

Isaura & Álvaro (Lucélia Santos e Edwin Luisi), em Escrava Isaura (Globo, 1976).

Giulianna & Matteo (Ana Paula Arósio e Thiago Lacerda), de Terra Nostra (Globo, 1999).

Jade & Lucas (Giovanna Antonelli e Murilo Benício), e O Clone
(Globo, 2001).

Maya & Raj (Juliana Paes e Rodrigo Lombardi), de A Força do Querer (Globo, 2017).

LANÇARAM MODA

FSAD

O brasileiro gosta tanto de novela que não se inibe em copiar o visual nem dos personagens mais extravagantes, como a Viúva Porcina (Regina Duarte), de Roque Santeiro. A nova rica da pequena cidade de Asa Branca era exuberantemente exagerada, misturando turbantes e laçarotes na cabeça com muito brilho, maquiagem berrante e óculos chamativos. Mas não é que virou moda no país inteiro! E o que dizer das meias lurex com sandália de salto fina e calça de jogging de cetim da Júlia Mattos (Sonia Braga), em Dancin’ Days? Virou sonho de consumo de todos os baladeiros do país. E já que estamos falando de moda… Não dá para esquecer do colar do Dino César (Mário Gomes), de Duas Vidas (1976), nem dos anéis e da maquiagem da Jade (Giovanna Antonelli), de O Clone, e muito menos dos cabelos da Solange (Lídia Brondi), de Vale Tudo, e da Cristina (Tônia Carreiro), de Pigmaleão 70 (Globo, 1970). Este último fez tanto sucesso que o nome da novela batizou o corte.

VALEU A PENA FAZER DE NOVO
Nem só de histórias originais vivem as novelas. Nesses anos todos, alguns remakes fizeram mais sucessos do que as tramas inéditas que estavam no ar ao mesmo tempo. Alguns, inclusive, são mais falados que aquelas que lhe se serviram de base, como A Viagem e Mulheres de Areia, ambas de Ivani Ribeiro, refeitas pela Globo, em 1994 e 1993, respectivamente – as primeiras versões foram exibidas na TV Tupi. Mas os remakes de O Rebu (Globo, 2014), Escrava Isaura (Record TV, 2004), Éramos Seis (SBT, 1994) e Cabocla (Globo, 2004) também valeram a pena.

TRILHAS ETERNAS

Imagina o esperado beijo da mocinha e seu galã sem aquela canção romântica ao fundo! Ou uma cena de suspense, sem um belo instrumental para dar o clima de tensão que atravessa a tela. Impossível, não é mesmo? Pois é… As trilhas sonoras não só ajudam a compor a história como marcam a vida de muito noveleiro – os de carteirinha tem até coleção de discos de novela. O primeiro foi o da Deusa Vencida (Tupi, 1965), um compacto com duas músicas interpretadas por Hugo Santana. O público acolheu tão bem a novidade, que os álbuns com as trilhas das tramas viraram LP, com várias faixas, passaram a sair em duas versões, nacionais e internacionais, e a família Marinho fundou até uma gravadora, Sigla (posteriormente, chamada Som Livre), em 1969, para esse fim. São milhares de hits e álbuns inesquecíveis, mas… Estúpido Cupido, Dancin’ Days, Roque Santeiro, Tieta, O Rei do Gado e Rainha da Sucata estão entre as mais vendidas. A era de ouro da trilha de novela, no entanto, acabou. Ironicamente, neste ano, quando o gênero comemora 70 anos, a Som Livre foi vendida para a Sony e a Globo comunicou que não lançará mais coletâneas de novelas. As últimas foram as de Amor de Mãe e Salve-se Quem Puder. Mas, claro, as trilhas continuarão a existir e os noveleiros poderão procurar as músicas que as compõem nas diversar plataformas digitais. Novos tempos…

DONOS DA HISTÓRIA

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Eles pouco aparecem, mas fazem acontecer. São os autores e diretores, a dobradinha por trás das câmeras que dão forma às tramas que emocionam e divertem o público, muitas vezes prestando um serviço educativo e social. Claro que o noveleiro de plantão os conhece e tem até os seus preferidos. Atualmente, Thereza Falcão e Alessandro Marson (Nos Tempos do Imperador), Mauro Wilson (Quanto Mais Vida, Melhor!) e Licia Manzo (Um Lugar ao Sol) ocupam os horários de novelas inéditas da Globo, em parceria com os diretores Vinícius Coimbra, Allan Fiterman e Maurício Farias, respectivamente. Mas a turma é grande! Manoela Dias, João Emanuel Carneiro, Elizabeth Jhin, Aguinaldo Silva, Gloria Perez, Manoel Carlos, Walter Negrão, Lauro César Muniz, Silvio de Abreu, Walcyr Carrasco, Carlos Lombardi, Benedito Ruy Barbosa… Fora os que não estão mais entre nós, como Gilberto Braga, Dias Gomes, Ivani Ribeiro e Janete Clair, conhecida como a Maga das 8. Junto com eles, fizeram história na direção nomes como Daniel Filho, Jorge Fernando, Jayme Monjardim, Walter Avancini, Dennis Carvalho, Rogério Gomes (Papinha), Luiz Fernando Carvalho, Ricardo Waddington, Roberto Talma, Gonzaga Blota, Paulo Ubiratan, mora Mautner, Régis Cardoso, Herval Rossano e Milton Gonçalves.

DE ROUPA NOVA
Ao longo desses 70 anos, os agourentos já vaticinaram sobre o fim das novelas “zilhões” de vezes. Mas a jovem senhora resiste ao tempo e está cada vez mais sacudida. Em plena era digital, ela se espalhou por todas as plataformas. Com o streaming, elas podem ser vistas (e revistas) no celular, no tablet, no computador, na televisão… E, no ano de septuagésimo aniversário, ganhou uma nova versão, a telessérie, uma novela mais curta e com a pretensão e ser mais ágil, como as séries. A primeira feita exclusivamente para o streaming foi Verdades Secretas II, já assistida por cerca de quatro milhões de pessoas no Globoplay. E a HBO Max e a Netfix se preparam as suas. E os noveleiros agradecem!

CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS

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