Fernanda Montenegro: 90 anos de glória

A atriz lança seu livro de memórias e comemora o nonagésimo aniversário sem badalação

Fernanda: na plenitude de sua vida – Divulgação

“Maravilhosa!”. “Bravo!” Estes foram alguns dos gritos ouvidos na chegada de Fernanda Montenegro, na Livraria da Travessa do Leblon, Rio, na quarta 09/10. Começava assim, a noite de autógrafos da atriz, que lançava o livro Prólogo, Ato, Epílogo, com colaboração de Marta Góes. O evento, assim como o livro, marcou antecipadamente os 90 anos de Fernanda, comemorados hoje (quarta 16/10). No local, a Grande Dama do Teatro, como é conhecida (embora rechace a referência), distribuiu autógrafos e fez questão de abraçar os 300 presentes. Sem pressa, Fernanda encarou a empreitada de quase cinco horas com altivez, ao lado dos filhos, Fernanda Torres e Cláudio Torres, e dos netos.

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Os colegas Luís Lobianco, Guilherme Weber e Stella Freitas foram alguns que levaram seu abraço à Fernanda, que avisou que, depois do Globo Repórter (sexta 11/10) dedicado a ela, não queria mais homenagens. Não quis festa sequer no dia do aniversário, preferindo passar em família, sem alarde. No livro, a atriz revê sua trajetória – incluindo a vida de seus bisavós e avós. Nascida no Campinho, subúrbio carioca, Fernanda iniciou a carreira na Rádio MEC, como atriz de radionovelas, aos 15 anos.

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Cinco anos depois, virou redatora do programa de rádio Passeio Literário. E foi aí que Arlette Pinheiro (seu verdadeiro nome) passou a adotar o codinome de Fernanda Montenegro, com o qual se consagrou. No teatro, estreou em 1950, com a peça Alegres Canções na Montanha. Na TV, chegou em 1951, como primeira atriz a ser contratada pela TV Tupi, para fazer teleteatros. Já, no cinema, debutou em 1965, com A Falecida. Hoje, contabiliza 58 peças, 35 filmes e 40 programas, entre novelas, minisséries e especiais. Muitos deles, ao lado do marido, o ator Fernando Torres, com quem se casou em 1953 e ficou até a morte dele, em 2008.

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Fernanda ainda tem na bagagem cerca de 50 prêmios de melhor atriz. Foi a única, brasileira a concorrer ao Oscar, por seu trabalho em Central do Brasil (1998), filme com o qual ganhou o Festival de Berlim e lhe rendeu ainda uma indicação ao Globo de Outro;  e a primeira brasileira a ganhar um Emmy Internacional, por Doce de Mãe (2013). Fernanda recebeu ainda condecorações por serviços prestados à cultura e, apesar de tantas glórias, afirma no livro: “Por mais longa que seja a vida de um ator, ele não tem como declarar: ‘Estou pronto’”. E fecha seu relato assim: “O que lamento é a vida durar apenas o tempo de um suspiro. Mas acordo e canto”.

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